domingo, abril 26, 2009

Nesta data, 26 de Abril de 2009, dia da sua canonização, importa informar a comunidade em que estamos inseridos de quem é esta Associação, com representação em Lagoa, que tem como Patrono D. Nuno Álvares Pereira.

À Fraternidade dos Antigos Filiados do CNE (Corpo Nacional de Escutas) e Associação de Escutismo Adulto foi-lhe indicado como patrono a figura notável de um ser humano, que se destacou ao longo da vida por defender valores em que sempre acreditou, e que muito se aproximam dos mesmos que os escuteiros querem fazer todo o possível por cumprir: Essa figura notável foi D. NUNO ÁLVARES PEREIRA.

É nesse contexto e neste personagem que podemos assentar toda a nossa mística: por um lado, temos o herói, que o foi valorosamente com feitos importantes e inesquecíveis, e que de certo modo todos desejamos imitar ainda hoje. Não já o herói de capa e espada nem tão pouco o da banda desenhada ou dos filmes.
Queremos ser heróis na vida quotidiana: o herói que arrisca a vida quando se senta ao volante do carro para ir trabalhar ou quando viaja de avião ou de navio; o herói quando luta pela sobrevivência para criar a sua família e educar os filhos; o herói quando enfrenta o egoísmo, a vaidade, a corrupção, a falta de lealdade, a inveja... tanto na fábrica como no escritório, como junto dos amigos ou meramente dos conhecidos. D. Nuno indica-nos sempre a tomar o caminho como um líder, um chefe, e não como um indivíduo amorfo; valente e não cobarde; animado e não enfadonho, alegre e com bom humor e não triste ou aborrecido.

A outra vertente de D. Nuno inspira-nos a chegar à santidade, objectivo final de qualquer cristão. Não devemos esquecer a mensagem do Papa João Paulo II, quando nos apela: “não tenham medo de ser santos”. D. Nuno ofereceu-nos o exemplo de solidariedade principalmente com os mais pobres; a humildade é revelada pelo abandono e doação da sua imensa fortuna, só equiparada ao do próprio rei, distribuída por aqueles que mais precisavam. A suavidade e a doçura da sua vida pura encontrou lugar quando se recolheu na Ordem dos Carmelitas, onde trocou as ricas vestes e a luzidia armadura, pelo burel castanho e remendado de um simples monge, como desejava ser o último servidor de Deus.

Por analogia podemos comparar parte da sua vida como a de um verdadeiro escuteiro. Se não vejamos. Começou como escudeiro da rainha, ainda muito novo, tendo para isso de fazer as “provas de adesão” que na época eram normais: comportamento na corte, etiqueta nas refeições, domínio das armas, treino de equitação, o gosto pela leitura, e muitas outras provas. Depois de ter ultrapassado as provas com êxito foi aprovado e investido como cavaleiro, aceitando as leis da cavalaria e do reino, ficando na véspera em meditação toda a noite, em abstinência e oração, a que podemos chamar estar em velada de armas ou em vigília de oração. Na manhã seguinte, foi vestido como cavaleiro, recebendo o arnês, as esporas, o elmo e por último a espada, seguindo-se depois o juramento. Como madrinha teve a própria Rainha D. Leonor. Todo este cerimonial leva-nos a comparar com a Promessa escutista, quando o escuteiro já trajando o uniforme, recebe as insígnias, o assistente coloca-lhe o lenço, a madrinha o chapéu ou o “beret” e por fim o chefe cumprimentando-o entrega-lhe a vara, saudando-o.

O Mestre de Avis, mais tarde D. João I era o chefe a quem D. Nuno prometeu fidelidade e respeito, e pelo seu mérito pessoal levou-o a alcançar o comando supremo do exército português, sendo designado como Condestável de Portugal.

É o caminho exemplar de um bom escuteiro que vai conquistando, ano após ano, as várias etapas de progresso, as suas competências e especialidades, os prémios, até vir alcançar a honra de ser designado Cavaleiro da Pátria.

Estes são os dons naturais do escuteiro, que transforma a simples boa-acção em actos profundos de solidariedade até mesmo de abnegação, por vezes com risco da própria vida; nesse sentido a galeria dos escuteiros heróis estende-se por todo o mundo.

É esse o nosso ideal, é esta a nossa mística, que por um lado tem como cenários os campos dos Atoleiros, de Aljubarrota ou de Valverde e por outro lado as ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa, onde o Beato Nuno de Santa Maria morreu. Os seus restos mortais encontram-se actualmente na Igreja de Santo Condestável também em Lisboa.